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Você sabe o que são os “quase acidente” no trabalho? Descubra como realizar medidas preventivas para o problema

Quase Acidente

Você já ouviu falar em “quase acidente” no trabalho? Apesar de muitas vezes passar despercebido, esse tipo de ocorrência pode ser o prenúncio de um problema organizacional grave — e ignorá-lo pode custar caro para qualquer gestor ou empreendedor que está começando na formação de sua equipe.

Para melhor contexto, segundo estudos recentes, para cada gargalo de trabalho com afastamento, ocorrem aproximadamente 300 quase acidentes, ou seja, situações em que por pouco não houve um dano real, mas que expõem fragilidades sérias na segurança do ambiente laboral.

Além disso, o cenário nacional se mostra ainda mais alarmante. Isso porque, o país figura entre os quatro com maior número de acidentes de trabalho no mundo. O total de acidentes com CAT (Comunicação de Acidente de Trabalho) apresentou elevação de 13,2%, saltando de 504.814 para 571.848. Já as ocorrências sem CAT tiveram leve incremento de 0,6%, de 76.019 para 76.518. Em 2023, o Brasil registrou 2.888 acidentes de trabalho fatais, de acordo com dados do eSocial.

Dessa forma, compreender o que caracteriza e circula um quase acidente é muito importante para começar a planejar medidas preventivas eficazes, reduzir os riscos e proteger a saúde e a vida dos colaboradores.

Neste artigo, vamos explorar mais sobre o conceito de quase acidente, apresentar exemplos práticos e discutir estratégias eficientes para identificar essas ocorrências e transformar a cultura da empresa em prol da prevenção, da responsabilidade coletiva e da produtividade sustentável. Afinal, cada incidente evitado é uma vida preservada e um passo a mais para um ambiente de trabalho verdadeiramente seguro.

O que é um quase acidente?

Um “quase acidente” é um incidente que quase resulta em dano, lesão ou perda, mas, felizmente, é evitado no último momento.

Desse modo, eventos assim oferecem valiosas oportunidades para a análise e implementação de medidas preventivas, contribuindo para a melhoria contínua da segurança no local de trabalho. São considerados “sinais de alerta” que indicam a probabilidade de um acidente futuro se as condições de risco não forem corrigidas.

O que é considerado quase acidente?

Para entender completamente o conceito de quase acidente, é importante reconhecer situações que se enquadram nessa categoria.

Isso pode incluir momentos em que um colaborador evita uma queda por pouco, como tropeçar em um cabo ou escorregar em um piso molhado sem chegar a cair, interrompe uma situação perigosa ou impede a ocorrência de qualquer incidente prejudicial. A identificação precisa desses eventos é a base para uma cultura de segurança robusta.

Qual a diferença entre um acidente, um incidente e um quase acidente?

A distinção entre um acidente e um quase acidente muitas vezes reside na ocorrência de danos reais. Enquanto um acidente resulta em lesões, perdas ou danos tangíveis, um quase acidente é um aviso, uma oportunidade de aprendizado sem as consequências adversas.

Para eliminar qualquer dúvida, é útil diferenciar também o termo “incidente”. Um incidente é uma ocorrência inesperada com potencial para causar um acidente, mas que não o faz, muitas vezes por não haver ninguém presente no local.

A tabela abaixo esclarece as diferenças:

TermoDefiniçãoExemplo PráticoConsequência
IncidenteEvento inesperado com potencial de dano, mas que não afeta pessoas.Uma pilha de caixas cai em um corredor vazio durante a noite.Nenhuma lesão ou dano a pessoas. Potencial de dano material.
Quase AcidenteEvento inesperado que não resulta em lesão ou dano, mas que tinha o potencial claro para tal.Uma pilha de caixas cai, e um trabalhador que passava no local consegue desviar por um triz.Nenhuma lesão ou dano. É um alerta crítico.
AcidenteEvento inesperado que resulta em lesão corporal, perturbação funcional ou morte.Uma pilha de caixas cai e atinge um trabalhador, causando uma fratura.Lesão, afastamento, necessidade de CAT e, em casos graves, fatalidade.

Reconhecer e entender essa diferença é crucial para desenvolver estratégias proativas de prevenção.

A matemática da prevenção: a Pirâmide de Bird

Para entender a real importância de registrar cada quase acidente, é fundamental conhecer a Pirâmide de Bird. Desenvolvida por Frank Bird Jr. após analisar mais de 1,7 milhão de acidentes em quase 300 empresas, essa teoria é um pilar da segurança do trabalho moderna.

A pirâmide demonstra uma proporção estatística clara entre eventos de diferentes gravidades. A versão mais conhecida estabelece a proporção 1-10-30-600:

  • 1 Lesão Grave ou Fatal: No topo da pirâmide, o evento mais trágico;
  • 10 Lesões Leves: Acidentes que causam ferimentos menores;
  • 30 Acidentes com Danos à Propriedade: Eventos que causam prejuízos materiais, mas sem lesões;
  • 600 Quase Acidentes (ou Incidentes): A base da pirâmide, composta por todos os eventos que não resultaram em dano, mas que poderiam ter resultado.

O que a Pirâmide de Bird nos ensina é que os acidentes graves são apenas a ponta do iceberg. Eles são o resultado de centenas de pequenos desvios, falhas e riscos não gerenciados na base. 

Portanto, a estratégia mais eficaz e inteligente para eliminar o topo da pirâmide é gerenciar ativamente a sua base. Cada quase acidente notificado e investigado é uma oportunidade de ouro para corrigir uma falha antes que ela leve a uma consequência grave.

Qual a importância de notificar e analisar quase acidentes?

A notificação e análise de quase acidentes desempenham um papel vital na construção de um ambiente de trabalho seguro. Ao relatar esses eventos, a equipe promove a transparência e cria uma cultura que valoriza a segurança.

Assim, a análise aprofundada de quase acidentes permite a identificação de padrões, possibilitando a implementação de medidas preventivas eficazes. As causas de um quase acidente são as mesmas de um acidente real; a única diferença é o resultado. Investigá-las permite agir na causa raiz do problema.

Ao compreender a importância desses eventos quase imperceptíveis, as empresas podem criar estratégias proativas, mitigando riscos e promovendo um ambiente de trabalho seguro e saudável para todos os colaboradores. Podemos dizer então que a prevenção começa com a conscientização, e os quase acidentes oferecem uma oportunidade valiosa para fortalecer essa conscientização em prol de um futuro mais seguro.

Como registrar e evitar o quase acidente?

Evitar quase acidentes é essencial para garantir a segurança no local de trabalho. Isso envolve um processo que vai desde o registro correto até a implementação de medidas práticas.

Passo a passo: o que incluir no relatório de quase acidente

Um relatório eficaz não é burocracia, é coleta de dados. Para que a análise seja produtiva, o registro deve ser detalhado. Recomenda-se que o formulário contenha os seguintes campos:

  • Informações gerais: Data, hora, local exato do evento e setor envolvido;
  • Descrição do evento: Um relato detalhado e objetivo do que aconteceu, sem buscar culpados;
  • Pessoas envolvidas e testemunhas: Nomes e contatos de quem presenciou ou quase se acidentou;
  • Causas imediatas e potenciais: Descrição das condições (piso escorregadio, falta de iluminação) e atos (improviso, pressa) que contribuíram para o evento;
  • Danos potenciais: O que poderia ter acontecido? (Ex: “poderia ter resultado em queda de altura”, “poderia ter causado esmagamento”);
  • Sugestões de melhoria: Um espaço para que o relator ou a equipe sugiram ações corretivas.

Para facilitar, muitas empresas utilizam formulários padronizados, checklists ou até softwares de gestão de segurança.

Estratégias práticas de prevenção

Com base nos dados coletados, a empresa pode adotar medidas preventivas eficazes:

  1. Promova o uso de EPIs: O uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) é fundamental para reduzir os riscos de quase acidentes. Garanta que todos os trabalhadores tenham acesso e usem os EPIs adequados para suas tarefas específicas. Incentive uma cultura onde a proteção individual seja priorizada;
  2. Treine os trabalhadores: O treinamento contínuo dos colaboradores é uma peça-chave na prevenção de quase acidentes. Ou seja, certifique-se de que todos os membros da equipe estejam bem informados sobre práticas seguras, procedimentos operacionais e reconhecimento de situações de risco. A capacitação constante cria uma equipe mais consciente e preparada;
  3. Adote medidas de prevenção: Identifique e implemente medidas preventivas específicas para o seu ambiente de trabalho. Isso pode incluir melhorias na ergonomia, sinalização adequada, manutenção regular de equipamentos e a criação de zonas seguras. A prevenção ativa é a chave para evitar incidentes antes que ocorram;
  4. Realize o DDS: O Diálogo Diário de Segurança não é apenas uma ferramenta para notificar quase acidentes; é uma oportunidade valiosa para informar e envolver os trabalhadores na promoção da segurança. Por isso, utilize o DDS para discutir casos recentes, compartilhar aprendizados e reforçar práticas seguras. Transforme-o em um momento colaborativo de construção de uma cultura de segurança sólida.

O pilar invisível: construindo uma cultura de segurança proativa

Nenhuma das estratégias acima funcionará sem o alicerce correto: uma cultura de segurança positiva. Este é o fator mais crítico para o sucesso de um programa de relatos de quase acidentes.

Superando o medo de relatar

O maior obstáculo é a cultura punitiva. Se os colaboradores acreditam que relatar um erro ou um quase acidente resultará em culpa, advertência ou demissão, eles simplesmente não o farão. É essencial que a gestão estabeleça um ambiente de segurança psicológica, onde a comunicação sobre riscos seja incentivada e vista como um ato de responsabilidade, não de delação. O foco deve ser sempre em resolver o problema, e não em punir a pessoa.

Crie e mantenha a CIPA e o SESMT

A CIPA (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes) desempenha um papel crucial na promoção da segurança ocupacional. Estabeleça e mantenha uma comissão ativa, composta por representantes dos trabalhadores e da empresa. 

Essa equipe deve ser a principal promotora da cultura de segurança, investigando os relatos de quase acidentes junto ao SESMT (Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho) para propor soluções preventivas e estimular a conscientização em toda a organização. 

A gestão de riscos informada por esses dados é, inclusive, essencial para o cumprimento das obrigações do eSocial.

A PREMIER

Ao adotar essas práticas, sua empresa não apenas reduzirá os riscos de quase acidentes, mas também fortalecerá uma cultura de segurança que beneficia todos os membros da equipe. E claro, conte com a PREMIER para isso!

Com a missão de prestar serviços ocupacionais para empresas de todos os segmentos e portes, a PREMIER está há mais de 25 anos primando pela prevenção de doenças ocupacionais em trabalhadores de empresas dos mais diversos portes e setores de atuação.

Atendemos empresas dos mais diversos segmentos e prestamos os melhores serviços disponíveis em seu ramo de atuação. Prezamos, sobretudo, pela qualidade, gerando credibilidade na assistência à saúde e à segurança dos empregados de nossas empresas clientes.

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Dr. Walter Guimarães Pinto

Dr. Walter Guimarães Pinto é médico do trabalho (CRM: 4329/MG, RQE: 44084) e diretor da Premier Saúde Ocupacional. Com ampla experiência na área, dedica-se à promoção da saúde e segurança dos trabalhadores, atuando no desenvolvimento e implementação de estratégias que garantem ambientes laborais mais seguros e alinhados às normas regulamentadoras. Sua trajetória é pautada pela excelência técnica e pelo compromisso com a prevenção de doenças ocupacionais, visando a qualidade de vida e o bem-estar dos colaboradores nas empresas atendidas.