Inúmeros trabalhadores sofrem com a LER (Lesão por Esforço Repetitivo) no Brasil. Geralmente, atividades desenvolvidas dentro de uma empresa que exige alta produtividade, o cumprimento de metas exacerbadas e até estimulam a competitividade entre os colaboradores, influenciam fortemente nisso.
Por esse motivo, é muito importante se atentar para as condições de trabalho da sua organização e as formas de evitar a incidência de tais doenças. Neste artigo, reunimos tudo o que você precisa saber sobre a LER. Vamos lá?
O que é a LER (Lesão por Esforço Repetitivo)?
LER (Lesão por Esforço Repetitivo) é a sigla utilizada para se referir a um conjunto de doenças osteomusculares causadas por movimentos repetitivos. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, não trata-se de apenas uma doença, mas todo um grupo de afecções do sistema musculoesquelético, que podem afetar tendões, ligamentos, músculos e nervos.
O termo foi criado na década de 1980 para reunir um grupo de doenças, inicialmente relacionadas ao trabalho. Contudo, após alguns anos houve um problema de classificação dentro da medicina, já que todas as doenças foram agrupadas em apenas uma nomenclatura.
Como consequência, elas não eram diagnosticadas e analisadas individualmente, de forma a dificultar a obtenção de um tratamento adequado. Assim, foi criado o termo DORT, para uma melhor nomeação dos quadros. Portanto, LER se refere a um conjunto de doenças isoladas que podem ou não estar relacionadas ao trabalho.
Em geral, os distúrbios mais comuns são:
- tendinite (principalmente do ombro, cotovelo e punho);
- lombalgias (dores na região lombar);
- mialgias (dores musculares) em vários locais do corpo;
- sinovite (inflamação da membrana que cobre as articulações).
Quais são as causas mais comuns?
A principal causa da síndrome são os esforços repetitivos, como seu próprio nome diz. Contudo, ela também pode se originar por questões posturais, pela ergonomia do trabalho e o tipo de trabalho realizado.
Além disso, mais do que práticas laborais, ela pode ser gerada por hábitos do dia a dia, como o uso excessivo do celular. Para se ter uma ideia, o uso do aparelho pode ocasionar lesões, como a tendinite no polegar pelo movimento de digitação e a chamada “síndrome do pescoço de texto”.
Isso porque a posição utilizada para ler o celular aumenta a carga na região cervical em cerca de 25kg. Assim, ocorre uma sobrecarga da coluna vertebral e da musculatura ao lado do pescoço. Como resultado, tem-se o torcicolo, dor no ombro ou até uma dor que irradia para o braço.
Os riscos também são grandes para pessoas que trabalham na frente do computador, projetam a cabeça e os ombros para a frente e digitam bastante, assim como o funcionário que realiza movimentos repetitivos pelos membros superiores.
Quais os sintomas da LER?
O quadro clínico é caracterizado principalmente pela dor, que se agrava com o tempo, principalmente nos membros superiores. Alguns pacientes também relatam formigamento, perda de força e outros sinais que alegam uma futura lesão por esforço repetitivo.
Em resumo, podemos citar como sintomas da LER:
- dores localizadas, sobretudo nos membros superiores;
- sensação de peso;
- fadiga muscular;
- lesões nos ombros;
- inflamação em articulações e nos tecidos que cobrem os tendões;
- dificuldade em realizar movimentos;
- desconforto local e generalizado;
- formigamento;
- falta de força.
E a DORT (Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho)?
DORT (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho) é a sigla que trata das doenças do sistema musculoesquelético especificamente associadas ao trabalho. Além do problema de nomenclatura citado, esse termo foi adotado para melhor mapear esses casos.
Isso porque além do esforço repetitivo, existem outros tipos de sobrecargas no trabalho que podem prejudicar os colaboradores. Como exemplo, podemos citar:
- sobrecarga estática (uso de contração muscular por longos períodos para manutenção de postura);
- excesso de força utilizada para executar tarefas;
- uso de instrumentos que transmitem vibração excessiva;
- trabalhos executados com posturas inadequadas.
Segmentos com maior incidência de LER
As Lesões por Esforços Repetitivos (LER) e os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) são as doenças que mais afetam trabalhadores no país. Sua incidência é mais recorrente nos seguintes setores:
- industrial;
- comercial;
- alimentício;
- de transporte;
- serviços domésticos/limpeza.
O que a LER pode provocar a curto, médio e longo prazo?
A LER traz consequências tanto para o trabalhador quanto para a empresa em si. Primeiramente, o colaborador sente dificuldades na realização de suas tarefas já na fase de dor aguda, exigindo repouso e a utilização de medicamentos.
Quando os sintomas se encontram em um estágio avançado, pode ser necessário o uso de corticoides, a realização de fisioterapia ou até, em alguns casos, uma cirurgia. Por isso, é muito importante buscar auxílio médico ao percebê-los.
Além disso, as lesões relacionadas ao trabalho podem prejudicar a produtividade laboral, a participação na força de trabalho e a posição alcançada pelo colaborador. Elas também são responsáveis pela maior parte dos afastamentos em empresas e geram custos com pagamentos de indenizações, tratamentos e processos de reintegração à ocupação.
Por isso, é essencial criar um ambiente de trabalho seguro, saudável e que respeite os limites de cada indivíduo. Além da manutenção de boas condições no ambiente, práticas como ginásticas laborais, pausas e palestras educacionais são muito importantes.
Os tratamentos mais comuns
O melhor tratamento para essas doenças é a prevenção. Para isso, o Ministério da Saúde recomenda que todas as empresas sigam as diretrizes da NR 17, relativa à ergonomia. Por meio dela, é possível garantir a correta interação dos trabalhadores com o local de trabalho, o mobiliário, suas máquinas e equipamentos.
De modo geral, o tratamento indicado para pacientes com doenças osteomusculares é a correção das causas no ambiente de trabalho somada à adoção de um plano terapêutico adequado. Dentre as modalidades terapêuticas, podemos citar:
- fisioterapia;
- medicamentos;
- infiltrações;
- órteses (acessórios para fins terapêuticos como talas, protetores, cintas e coletes);
- reabilitação.
Assim, é importante adotar medidas como o fortalecimento dos membros e a correção postural, além de práticas que evitam o excesso de estímulo a um esforço. Cada paciente possui especificidades físicas, então o exercício necessário vai variar de acordo com as necessidades do corpo de cada um.
Em alguns casos, também é preciso alterar a função ou a técnica que o trabalhador utiliza. Por isso, é fundamental realizar a análise ergonômica do trabalho (AET) para promover mudanças significativas para os colaboradores.
Do mesmo modo que é necessário uma série de análises para classificar as doenças ocupacionais, é preciso estudar as formas de combatê-las e tornar o ambiente de trabalho o mais seguro possível.
Saiba mais: Qual a importância da Análise Ergonômica do Trabalho.
Como proceder em caso de LER de um funcionário?
Elas são consideradas acidentes do trabalho e por isso devem ser comunicadas aos órgãos competentes. O primeiro passo é que a medicina do trabalho da empresa avalie o caso, para estudar o modo de trabalho, os movimentos envolvidos, os equipamentos utilizados e as condições do ambiente.
No caso de incapacidade total ou temporária, o trabalhador tem direito a um auxílio acidentário pelo INSS. No caso da incapacidade total, ainda é necessário o afastamento previdenciário, mediante atestado médico.
Dada a entrada de um laudo médico, que constata que a doença foi causada pelo trabalho, é garantido ao trabalhador estabilidade de emprego por pelo menos 12 meses. Isso significa que, antes desse período, ele não pode ser dispensado.
A PREMIER
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